quarta-feira, 25 de julho de 2007

CRÍTICA TEATRAL - VICTOR BOGADO -

REVOLTA LATINO-AMERICANA

A cidade de São Paulo, Brasil converteu-se no centro teatral mas importante desse país, com muitas companhias e grupos entre os quais alguns são experimentais - é dizer que procuram novas linguagens cênicos como o Teatro Kaus que nos visita com a peça A Revolta do dramaturgo argentino Santiago Serrano (é ademais psicanalista, diretor do Grupo Teatral Encuentros e psicodramatista), sob a direção de Reginaldo Nascimento.
A peça -estreada em Buenos Aires em 1984- acontece no campo e em tempo indefinido mas é fácil inferir que pode ser um pais latino-americano e que sofre os embates de um movimento social violento com o fim de criar uma sociedade mais justa e por conseqüência mais humana e solidaria. Em poucas palavras, A Revolta fala sobre a condição humana, da luta entre o bem e o mal, do logro de nossos ideais e o enfrentamento por vezes violento - com nossas debilidades e deslealdades. (Toda peça teatral tem em última instancia. um fundo axiológico, é dizer conflitos onde lutam valores e anti-valores).

É como uma reflexão em voz alta sobre a sociedade atual -com diferentes desigualdades sociais que nos convida a pensar e analisar sobre nosso accionar como seres humanos a procura do bem comum.
O elenco paulista fez um grande esforço para nos trazer uma versão em língua espanhola, feito que entorpeceu em parte a perfeita compreensão do texto. Mas o texto espetacular com sua fisicalidade, unido à energia, concentração e entrega dos intérpretes em seus respetivos papesi salvou o problema da lingua e como resultado nos entregaram una homogenia atuação de todo o elenco conformado por Amália Pereira como Malva, Maritta Cury no papel de Judith, Gisele Porto a Sara, Antônio Ranieri Martín e Adriana Cubas no papel de Antônia.

A cenografia, iluminação e figurinos criam o ambiente visual apropriado para esse drama rural. A direção cénica do jovem diretor Reginaldo Nascimento é correta, dotando à montagem de plasticidade, bom ritmo e "timing" atoral.
A Revolta é una mostra da integração teatral e cultural que deve se fazer em nosso continente paralelamente à integração econômica do MERCOSUL e permitirá estreitar laços de amizade entre nossos povos e o conhecimento de nossas respectivas dramaturgias.

O projeto teatral do Grupo Kaus chamado Fronteiras de difusão da dramaturgia latino-americana no Brasil é um exemplo que toda a comunidade teatral deveria imitar e apoiar com muito interesses e cooperação solidaria. Nesse sentido, os Temporais Internacionais de Teatro tem aportado seu grão de areia nesta direção desde já o faz a mais de dez anos.
VICTOR BOGADO
Julho de 2007
TEMPORALES INTERNACIONALES DE TEATRO DE PUERTO MONTT - CHILE

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